No penúltimo post (Páscoa 2011) coloquei algumas fotos e vídeos de uma família que sempre ajudamos, seja em datas comemorativas ou simplesmente por passar por lá. Domingo 26/06 nos deparamos com uma situação ainda pior da que já conhecíamos, com os fortes ventos uma arvore caiu em cima barraco dessa família e agora a vida daquelas crianças estavam em risco.
Durante a semana e em nossa reunião de quarta-feira já estávamos decididos a ajudar a família construindo uma nova casa para eles. Uma casa simples, mas com o mínimo segurança, conforto e higiene para estas crianças.
Sexta à noite em uma nova reunião já estávamos com o material comprado (vaquinha) de todos os amigos e acertando apenas à hora de saída.... nesta mesma noite ainda pude rever uma pessoa que a muito tempo estava “sumida” e como sempre, apoiou o projeto incentivando e deu forças a todos nós. Sábado as cinco da manha eu já estava de pé indo encontrar o grupo.
Carros e caminhões carregados de materiais, ferramentas e muita, muita ansiedade, pelo menos de minha parte que quase não dormi a noite esperando isso acontecer. Uma manha fria que íamos superando a cada tabua descarregada, a cara buraco cavado, a cada martelada e a cada sorriso de uma criança.
Sem levar em conta o sexo, a cor, a raça, a religião ou a classe social, todos trabalhavam por igual, se sujando, se esforçando por um único objetivo e uma única idéia... Ajudar! Parecia até que o tempo também estava nos ajudando, pois ele demorava passar e nosso trabalho rendia... a casa já estava tomando formas e com isso nossa motivação aumentava.
As crianças eram nossos “carregadores de energia” não desgrudavam de nós nem por um minuto e para alegrar todo aquele pessoal, acredito que inconscientemente elas se revezavam, conversavam e brincavam conosco a toda hora. Um sorriso ou um simples gesto de pegar uma ferramenta ou um pedaço de madeira demonstrava a alegria e a ansiedade que estavam para ver o resultado de tudo aquilo.
Lanche e almoço improvisado ali mesmo, tudo saia como planejado, a cada hora a casa tinha novas formas e ficava fácil ver o “antes e o depois”. Uma das crianças me puxou pelo braço para mostrar onde eles dormiam e disse: "..que com a casa nova agora não iria mais cair água neles..." (a garganta travou) e a cada palavra dele que eu filmava, me segurava para não desabar na frente no garoto. Neste momento eu só comparava meus “problemas” com os dele e pensava como era possível alguém viver naquelas condições?
O cansaço já se mostrava presente em todos, mas corríamos agora contra a noite, tínhamos que terminar antes dela chegar... a varanda para os pequenos brincarem já estava pronta, puxávamos agora um ponto de luz e se ouvia poucas marteladas. A pinguela também foi reformada e alguns já começavam a recolher as ferramentas.
Conselhos e orientações sobre lixo, doenças, etc.. eram dadas para a mãe e as crianças mais velhas, pois as pequenas que também ganharam brinquedos e só queriam “brincar na casa nova”..
Eu já não queria mais nada, estava feliz (ainda estou) por ver o resultado, uma casinha simples, mas que devolveria a esperança e dignidade daquela família, sem ter vergonha de chorar, abracei outro que chorava de alegria junto comigo e agora sim já poderia ir para casa deitar e dormir.
Me desculpem se esqueci de alguém, mas vai o meu muito obrigado ao ALDO CATATAU, ALEMÃO, AUGUSTO, CESAR, CHUPETA, D. DEISE (MÃE), EDSON, FÁBIO ARUJÁ, GIL, GORDO, HÉLIO, JOÃOSINHO, JULIO, LAVA RÁPIDO JAPONÊS (todos), LUIZ JAPONÊS, MACARRÃO, MARQUINHOS, MAURÍCIO, ROGÉRIO (IRMÃO), RONALDO, SÉRGIO PONCIANO, VAGNÃO, VALDIVINO, ROSE, ISIS, BISTECA, PASTOR e todos os demais que conheci naquele dia mas que já se tornaram grandes amigos.
Renatinho.
